Elas são guerreiras, batalhadoras, empreendedoras, líderes…Não desistem diante das dificuldades, ultrapassam barreiras para que a sua família esteja sempre ali recebendo delas todo cuidado e carinho. Sempre que necessário, as mães, se dividem em mil, trabalham de segunda a segunda para dar o melhor para os seus filhos. Elas são Mães da Periferia.
Não importa a idade, sejam elas mais novas ou mais velhas, as Mães da Periferia carregam nos ombros a missão de educar seus filhos mediante a situações que nem sempre são visivelmente bonitas, mas com um toque de Mãe se transformam nas mais belas rosas do jardim.
Hoje, a Comunitude vem contar a história de três mulheres: Huana, Emanuelle e Aryane,que se conectam na trajetória de ser mãe na periferia de Juiz de Fora.
Mãe pela primeira vez aos 19 anos, Huana conta que ser mulher e mãe foi o maior desafio de sua vida, principalmente pelo fato de ser muito nova e não ter o apoio da família em um primeiro momento.
“eu assumi a responsabilidade totalmente sozinha na época, trabalhava de 9h às 21:00 todos os dias e minha família no começo não aceitava a gravidez, eu tive que criar forças de onde eu nem sabia q tinha”.
A história da Huana, se conecta com a de milhares de brasileiras que engravidam precocemente, principalmente dentro das periferias e favelas. Segundo uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o impacto social e socioeconômico contribuem para gestões cada vez mais precoces.
Quando perguntamos à ela sobre os desafios de ser mãe na periferia durante uma pandemia, ela nos contou que existem dois lados nesse período, o bom e o ruim. O fato de ter ficado desempregada em um momento de pandemia e a falta das escolas é colocado pela jovem como um ponto negativo. Por outro lado, passar um tempo a mais com os filhos para ela tem sido um momento positivo.
Ser mãe para Huana, apesar dos desafios, é viver em completa felicidade recebendo um amor puro e verdadeiro. Pedimos a ela que deixasse uma mensagem para outras mães:
“Eu desejo do fundo do coração que as mães sejam mais valorizadas e que as pessoas parem de sobrecarregá-las chamando elas de "guerreiras" , muitas das vezes essas mulheres intituladas de guerreiras não são mulheres maravilhas que suportam tudo , elas simplesmente estão sobrecarregadas nós mães também precisamos de cuidados e principalmente de compreensão. Quem cuida às vezes também quer ser cuidado.”
Aryane Alves dos Santos, empreendedora, graduanda em Jornalismo e mãe do José. Mulher periférica, a jovem se tornou mãe aos 24 anos e conta que o maior desafio dessa jornada é conciliar a maternidade com a rotina de trabalho diária .
“Sempre quis ser mãe, mas não quero romantizar a maternidade, criar um filho é uma responsabilidade muito grande, quando descobrir que estava grávida eu chorei muito, mesmo querendo muito meu filho naquele momento. Eu entendi uma frase que meu filho hoje fala muito pra mim do filme do homem aranha. "Com grandes poderes vem grandes responsabilidades."
Aryane com o filho José
A jovem que hoje trabalha como empreendedora no ramo das vendas, relata que seguir esse caminho foi necessário, pois como mãe, a falta de um emprego fixo e de horários flexíveis, a atrapalhavam nos seus afazeres diários. Mas apesar dos desafios, hoje se identifica com a profissão.
“Sempre gostei de vendas na época do primário, eu vendia brinquedos que meu pai ganhava no trabalho, para os meus amigos que tinham dinheiro pra comprar o lanche. Como eu não tinha possibilidade de levar dinheiro, eu vendia e comprava meu lanche. Inconscientemente eu já trazia comigo algo que me ajudaria a empreender. “
Quando perguntamos a ela como está sendo ser mãe durante a pandemia, assim como a Huana, ela destaca que está sendo um momento desafiador onde a presença física da escola e os professores tem feito falta na rotina escolar das crianças. Apesar dos desafios, ser mãe na pandemia para a jovem é um momento de se conectar mais com o José!
Aryane trás para nós o retrato das mães que precisam desde cedo aprender a conciliar a sua rotina de trabalho com a maternidade.
Emanuelle, ou Manu como gosta de ser chamada, é mãe do Bernardo de três anos. Manu é graduanda em Biologia e se tornou mãe bem no meio da graduação. No princípio o período de incerteza com relação a como seria ser mãe e estudante, passou a fazer parte do seu dia a dia. Mas graças ao apoio de familiares e amigos, a jovem conseguiu frequentar as aulas até o último mês de gestação.
Apesar de ter tido uma rede grande de apoio, Manu passou a enfrentar os desafios dentro de sala de aula. Pois foi lá que a universitária se deparou com o preconceito por ter se tornado mãe jovem e sendo estudante. Ela conta que, ainda no período de gestação, foi reprovada em uma disciplina por ter precisado faltar um dia de estágio por motivos de saúde. Perguntamos para Manu, como foi conciliar a faculdade depois que o Bernardo nasceu, e mais uma vez, nos deparamos com um relato de preconceito:
“Aprendi nesse tempo que eu tinha que dar o meu melhor o tempo todo, porque se eu falhasse, seria comparada com alunos que não viviam a mesma realidade que eu. Já deixei de entregar uma atividade no prazo por estar muito atarefada com trabalho e meu filho e fui comparada com outros alunos que só estudavam. Cheguei a escutar de uma professora que eu não deveria ter arrumado filho.”
Assim como Huana e Aryane, Manu também vive a realidade de ser mãe na periferia e na pandemia. Para ela o fardo de ser mãe na periferia tem uma carga a mais:
“Ser mãe de criança negra de periferia é isso: se preocupar com todas as possibilidades de acontecimentos, e muitas dessas possibilidades não são boas. Houve uma situação em que entrei em uma discussão em uma rede social para explicar a uma pessoa que a minha luta era para que meu filho não fosse parado na volta da escola só por estar com mochila. A pessoa veio me dizer que isso não existe, o que logo me mostrou que não valia a pena discutir mais.”
A pandemia chegou para Manu quando o seu filho tinha acabado de completar dois anos de idade. Ela conta que foi explicando a situação para ele de forma criativa, até que ele entendesse que não poderia mais fazer passeios longe de casa e quando fosse na rua teria que usar a máscara para se proteger do “bichinho de bolinha”. Para a jovem, o momento desafiador da pandemia, foi quando precisou conciliar a rotina de estudos remoto com a maternidade.
Apesar dos desafios, Manu conta que o Bernado trouxe e trás alegria para os seus dias. E que já não consegue mais imaginar uma rotina que não inclua ser mãe.
Com esses relatos, a Comunitude agradece e parabeniza a todas vocês Mães das Periferias. Vocês são exemplo de luta, persistência e resistência. Feliz Dia das Mães!
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