Guarda Municipal de Juiz de Fora será armada

Críticos apontam a falta de dados concretos que justifiquem a decisão e questionam os custos para os cofres públicos

A prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão, anunciou nesta quinta-feira (31) que a Guarda Municipal de Juiz de Fora será armada, treinada e capacitada para o uso do armamento. A expectativa é que o processo seja concluído até o início de 2026. O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa, onde a prefeita formalizou a adesão do município ao processo de armamento, assinando um ofício destinado à Polícia Federal. A justificativa para a medida, segundo a prefeita, é a necessidade de proteger os agentes e os espaços públicos diante do aumento das atividades urbanas e de uma “sofisticação dos processos de transgressão”. Ela destacou que o armamento também teria um “impacto dissuasório” sobre a criminalidade.

Prefeita assina requerimento sobre a Guarda Municipal armada em Juiz de Fora. Imagem: PJF

Falta de dados para armamento da Guarda

Apesar da justificativa da prefeitura, a proposta levanta sérias preocupações. Até o momento, não foram apresentados dados concretos que justifiquem a medida, como índices de criminalidade ou ataques diretos à Guarda Municipal. Da mesma forma, não houve detalhamento sobre quanto esse investimento custará aos cofres públicos, um ponto crítico, dado o alto custo de armamento, munição, equipamentos e treinamento especializado para os agentes.

Guarda Municipal Armada e relação com as periferias

A decisão de armar a Guarda Municipal também reacende o debate sobre o papel da corporação e seu impacto nas comunidades. Críticos da medida questionam se a nova atribuição não desvirtuaria a função original da Guarda, que é de zelar pelo patrimônio público de forma não ostensiva. Há receios de que a presença de guardas armados possa aprofundar tensões, especialmente nas periferias, onde a relação entre a população e as forças de segurança é historicamente mais delicada. A proposta pode mudar a percepção pública sobre a corporação, que hoje já enfrenta desafios de credibilidade em algumas áreas da cidade.

O treinamento dos guardas, que incluirá preparação psicológica e técnica, deve começar no segundo semestre. A conclusão total do processo de armamento está prevista para o início de 2026.

Posição Política e o Armamento da Guarda Municipal em Juiz de Fora

A decisão da prefeita Margarida Salomão de armar a Guarda Municipal de Juiz de Fora se insere em um contexto de debate sobre segurança pública que, historicamente, divide diferentes espectros políticos.

Governos de esquerda e centro-esquerda, de maneira geral, tendem a priorizar uma abordagem de segurança pública que foca em políticas sociais e preventivas, como a redução da desigualdade, educação e emprego, em vez da militarização ou do aumento do poder de fogo das forças de segurança. A visão tradicional desse campo político é de que o armamento pode escalar conflitos e aprofundar tensões, especialmente em comunidades já vulneráveis.

Imagem – Câmara Municipal de Juiz de Fora

Embora o armamento de guardas municipais seja uma pauta mais comum em governos de direita, que frequentemente defendem o uso da força como principal meio de combate à criminalidade, a questão não é unânime. Há prefeitos de esquerda que, diante da crescente pressão por mais segurança, também optam por armar suas corporações, ainda que a medida seja vista como uma ruptura com a linha ideológica mais tradicional.

A decisão em Juiz de Fora reflete uma tendência nacional, onde a percepção de aumento da criminalidade tem levado gestões de diferentes colorações partidárias a adotar medidas mais ostensivas. No entanto, o debate sobre se o armamento é a melhor solução para a segurança urbana, e não apenas um sintoma da falência de outras políticas públicas, permanece.

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